Na semana em que se comemora o Dia
Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência (11 de fevereiro), duas
servidoras do Tribunal de Justiça de Rondônia qualificaram suas dissertações no
mestrado profissional interdisciplinar em Direitos Humanos e Desenvolvimento da
Justiça (DHJUS), curso oferecido pela Universidade Federal de Rondônia (Unir)
em parceria com a Escola da Magistratura do Estado (Emeron). A psicóloga Isabela
Paludo e a assistente social Valdênia Guimarães, ambas alunas da terceira turma
do programa e orientadas pela professora doutora Thais Maganhini na linha de
pesquisa “Políticas Públicas e Desenvolvimento da Justiça”, submeteram seus
trabalhos à apreciação prévia das bancas examinadoras.
Chefe da Seção de Atendimento
Psicossocial do Serviço de Apoio às Varas de Família da Comarca de Porto Velho,
Valdênia foi a primeira, na manhã de quarta-feira (10). Intitulada “Oficinas de
Parentalidade e Divórcio nas Escolas de Porto Velho/RO: Cidadania e Justiça na
Comunidade”, sua dissertação aborda a discussão de questões de guarda,
alimentos e convivência com os filhos por casais que buscam o Poder Judiciário com
o fim do relacionamento conjugal, tendo como solução do litígio a sentença
judicial. “Ocorre que o conflito gerado através do divórcio ou dissolução da união
estável, necessariamente, não se resolve com o fim da lide e, diante dessa
percepção, o Judiciário firmou a Conciliação e a Mediação como métodos
adequados de solução de conflitos, que somados ao programa educacional
interdisciplinar das Oficinas de Parentalidade, procuram estimular a reflexão
dos participantes, substituindo a cultura do litígio pela cultura de paz”,
afirma Valdênia.
O estudo aponta que a Oficina de Parentalidade
apresenta-se como um programa educacional, preventivo e multidisciplinar,
direcionado às famílias que enfrentam conflitos relacionados ao exercício da
parentalidade dissociada da conjugalidade, com o intuito de pacificar relações
e auxiliar o casal em vias de separação a criar uma efetiva e saudável relação
parental junto aos filhos ou filhas. A pesquisa tem como foco principal investigar
a execução das Oficinas de Parentalidade nas Varas de Família de Porto Velho,
averiguando se a participação das partes permite um maior número de acordos no âmbito
da Conciliação e da Mediação, bem como se a dinâmica do trabalho desenvolvido contribui
para evitar a excessiva judicialização dos conflitos.
“Objetiva-se estender essa metodologia
através de um projeto para as escolas da cidade, propondo uma ação de reflexão
sobre os conflitos referentes ao fim do relacionamento e o acesso à Justiça”,
complementa a servidora. Para averiguar o ponto de vista dos participantes das
oficinas, Valdênia tabulou as informações da Avaliação Final, questionário
elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça para avaliar e expor opinião sobre
o trabalho desenvolvido. A pesquisa buscou conhecer ainda como os Tribunais de
Justiça Nacionais se mobilizam para executar as Oficinas de Parentalidade: “A
análise das fontes permite inferir que as oficinas se tornaram uma política
pública viável para dirimir conflitos na maior parte dos Centros Judiciários de
Solução de Conflitos e Cidadania do país”.
Na manhã de hoje, foi a vez de Isabela, lotada na Coordenação do Serviço de Apoio Psicossocial às Varas de Família da Comarca de Porto Velho, apresentar o trabalho “Mediação de Conflitos: Do Judiciário às Escolas – Proposta de Programa de Mediação Escolar para o Tribunal de Justiça de Rondônia”. A psicóloga também trata da Mediação enquanto forma diferenciada de lidar com os conflitos, transpondo as paredes do Judiciário para auxiliar na construção de uma cultura de paz. “Para tal projeto, a Emeron é uma opção para a adoção de métodos de resolução de conflitos baseados em autonomia e emancipação”, diz a acadêmica.
Como objetivo geral, ela busca apreender
os elementos conceituais e legais da Mediação e sua aplicabilidade e, de forma
específica, descreve a expansão para a Mediação Escolar e levanta os projetos
existentes nos Tribunais de Justiça de todo o Brasil, com estudo de caso em
dois Tribunais nacionais que possuem a prática estabelecida: Amapá e Distrito
Federal. “As experiências estudadas e analisadas subsidiaram e inspiraram a
elaboração de uma proposta de Mediação Escolar para o TJRO com o objetivo de
fomentar a cultura do diálogo e autonomia para a resolução de conflitos e, de
tal forma, diminuir o número de litígios e processos existentes, assim como
propiciar a cultura de paz”, finaliza Isabela.
Mulheres na Ciência
O Dia das Mulheres e
Meninas na Ciência, declarado em 2015 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, visa
lembrar a comunidade internacional de que a ciência e a igualdade de gênero
devem avançar lado a lado como meio para um crescimento econômico inclusivo e
sustentável e para o alcance da Agenda 2030. Em todos os níveis do sistema
educacional, a discrepância entre homens e mulheres é gritante. Segundo o
relatório “Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia,
engenharia e matemática (STEM)”, menos de 30% dos pesquisadores no mundo são
mulheres. No Brasil, de acordo com o Open Box da Ciência, os títulos de
doutorado na plataforma Lattes pertencem, majoritariamente, a homens (59,7% do
total, enquanto as mulheres equivalem a 40,3%). Dentre os 919 já laureados com
prêmios Nobel, apenas 54 são mulheres.
Esses dados mostram que
ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a igualdade de gênero na
ciência se torne realidade. A ciência e a inovação podem trazer benefícios que
mudam a vida, especialmente daqueles que mais precisam, por isso é preciso
quebrar os estereótipos de gênero que ligam a ciência à masculinidade e expor
as gerações jovens a modelos positivos de cientistas mulheres, estimulando que
estas meninas e adolescentes tenham acesso igualitário à educação, se
especializem e atuem na ciência, trazendo diversidade, novas perspectivas,
capacidades e criatividades à pesquisa.
Fonte: Assessoria de Comunicação – Emeron (com informações da
Unesco e ONU)
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