Terminou na última segunda-feira, dia 30, o curso Violência Doméstica
sob a Perspectiva de Gênero, ofertado pela Escola da Magistratura de Rondônia
(Emeron) a magistradas e magistrados do Tribunal de Justiça do Estado, além de assessoras
e assessores com competência criminal e atuação na matéria da Lei Maria da
Penha, em plantões judiciais, audiências de custódia, de varas com competência
em Direito de Família e de Tribunais do Júri. Realizada na modalidade Educação
a Distância (EaD), por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da Emeron,
a formação foi destinada a 40 pessoas, incluindo três membros do Tribunal de
Justiça de Roraima.
Iniciado em 2 de agosto, o curso foi ministrado
pelo juiz Álvaro Kalix Ferro, titular do 1º Juízo do Juizado de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher da comarca de Porto Velho, e a servidora psicóloga
Mariangela Onofre, além de Aline Dantas, também psicóloga e chefe do Núcleo de
Perícia Psicossocial do Juizado, que colaborou com a elaboração dos conteúdos. Credenciada
pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados Ministro
Sálvio de Figueiredo Teixeira (Enfam), a formação busca reconhecer como os
estereótipos e preconceitos de gênero levam à violência doméstica,
compreendendo as formas adequadas de atuação para eliminar fatores que levem à
revitimização e decidir com segurança jurídica as medidas de proteção e
assistência.
A luta para fazer cessar a violência doméstica é
um desafio, por envolver os estereótipos e padrões culturais baseados na
premissa da inferioridade ou superioridade de gêneros, enraizados na sociedade
brasileira por séculos. Isso é demonstrado nos noticiários diários e nos
índices, como destaca o Atlas da Violência 2019, divulgado pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, que apontou o estado de Rondônia como 8º
colocado no ranking de homicídios de mulheres, com uma taxa de 7 assassinatos
por 100 mil habitantes.
A Recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
nº 79/2020 dispõe sobre a capacitação de magistrados e magistradas em direitos
fundamentais e perspectiva de gênero, ressalta a importância da oferta
permanente de capacitação sobre a temática, considerando que é dever do Estado
criar mecanismos para coibir a violência doméstica e a correta aplicação da Lei
nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), e reitera as ações de capacitações
direcionadas por outras normas, entre elas a Recomendação Geral nº 35 do Comitê
para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW),
que observa que, em todas as áreas do direito, os estereótipos comprometem a
imparcialidade e integridade do sistema de justiça, que pode, por sua vez,
levar à denegação da justiça, incluindo a revitimização de denunciantes. Desse
modo, é necessário que o juiz e a juíza tenham sensibilidade e conhecimento da
matéria e se apropriem de instrumentos para conhecer a situação da vítima, do
agressor e o histórico da violência, a fim de identificar o risco de nova
agressão ou feminicídio, estabelecendo o plano de segurança e de apoio à
vítima, bem como, garantam a celeridade na apreciação dos pedidos de medida
protetiva de urgência e cautelar, inclusive nos casos em situação de juiz/juíza
plantonista.
As unidades da formação abordaram gênero e
direitos humanos das mulheres, os sinais e impactos da violência na vida da
mulher, com o olhar multidisciplinar e a intervenção em rede, e aspectos penais
e processuais da Lei Maria da Penha. Mestre em Direitos Humanos e Desenvolvimento
da Justiça pela Universidade Federal de Rondônia em parceria com a Emeron, Álvaro
comenta que o curso foi bastante proveitoso: “Procurou abordar questões
teóricas e práticas no tocante à violência de gênero, inclusive com os recortes
de maiores vulnerabilidades, tal qual previsto na Lei Maria da Penha, por
exemplo, além de propiciar a análise num contexto histórico, sociológico e
psicossocial”.
O magistrado conta que foram apresentadas as
convenções e a legislação atualizada, bem como jurisprudência recente sobre a
violência doméstica, e que a participação dos alunos e alunas demonstrou grande
interesse pela temática, até a webconferência final. “O aprofundamento nesse
tema traz melhores condições de se enxergar com lentes de gênero as questões
que aportam no judiciário e, assim, propiciar um atendimento especializado e
eficiente, afastando-se de estereótipos e evitando-se a revitimização”, conclui.
Fonte: Assessoria de Comunicação – Emeron
Acompanhe-nos
nas redes sociais: instagram.com/emeron_oficial, twitter.com/emeron_oficial, facebook.com/emeron.oficial e youtube.com/EscolaEmeron
Se precisar, entre em contato.
© 2024 Secretaria de Gestão de Pessoas - SGP
Versão do Sistema