Escrever é exercitar o pensamento; é saber escolher palavras para se comunicar. O poeta João Cabral de Melo Neto, escreveu sobre o ofício “catar feijão se limita com escrever: joga-se os grãos na água do alguidar e as palavras na folha de papel; e, depois, joga-se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiará no papel”. O Poder Judiciário de Rondônia tem vários servidores que se debruçam nessa tarefa de diferentes tipos de produções textuais. A narrativa a seguir estreia a série de matérias especiais Servidor-Escritor e apresentará diversas experiências de magistrados e servidores que desenvolvem essa atividade.
A escritora autografando sua obra
Uma escrita ficcional e com realismo fantástico:
foi com esse estilo que a servidora Heloiza Helena Entringer Pereira, 62 anos, da comarca de Vilhena, lançou seu primeiro
livro. Nascida em São Rafael, cidadezinha do interior do município
de Linhares-ES, sempre teve a escrita como um ato presente em sua vida.
Na década de 70, seus familiares vieram para Rondônia e, nesse período, seu pai instalou uma serraria entre as cidades de Ji-Paraná e Presidente Médici, um local denominado Bandeira Branca - hoje um vilarejo às margens da BR-364. Em 1978, já casada e com um filho recém-nascido, veio para Rondônia com o propósito de auxiliar o pai nos negócios. Pouco depois, o esposo prestou concurso para a primeira turma de agentes fiscais e foi aprovado, sendo lotado em Ji-Paraná, onde residiram por algum tempo.
Heloiza em evento na Academia Vilhenense de Letras
O contato inicial com o mundo da escrita foi quando começou com o trabalho de repórter, ainda muito jovem, na imprensa capixaba. Ela sempre manteve uma relação de amor pela literatura e diz que, continuamente, encontra alguma facilidade para escrever. Heloiza é membro da Academia Vilhenense de Letras e vê o ato de escrever como “uma arte de encantar. Sem esse propósito, a escrita não faz sentido”, garante.
Na Bienal do Livro, em São Paulo-SP
Urucumacuã foi sua obra
inaugural, que narra a história de um personagem mitológico da região amazônica.
Heloiza comenta resumidamente a tônica de sua obra. “Com liberdade total, dei
vida ao Príncipe Urucumacuã, numa saga completa, que reúne paralelamente as
principais lendas amazônicas, temperadas com dosagens eletrizantes de drama,
tragédia, comédia, romance, num grande caldeirão que cozinha ficção e realismo
fantástico”, disse.
Em língua indígena ancestral, Urucumacuã significa “pássaro de fogo”. A
autora afirma que “há uma lenda circulando sobre essa personagem. Trata-se de
um príncipe que morou nesta região há alguns milhares de anos, deixando um
colossal tesouro. Mas não há registros que certifiquem a real existência”.
A obra é uma interpretação biográfica da “Casa Real do Príncipe da Beira do Rio” e liguei no mesmo contexto os mitos e lendas amazônicas mais conhecidos, numa releitura particular e única de suas origens.
Escrever é como “uma arte de encantar, sem esse propósito a escrita não faz sentido”, garante a servidora
Dona de variadas
produções textuais, ela escreve, além da ficção romanceada, conteúdos sobre
suspense, aventura, erotismo, drama, romance, tragédia, etc.. Diz que a principal
inspiração, uma espécie de déjà vu (já
visto) para escrever a história do Príncipe Urucumacuã surgiu de forma
inusitada. “Numa noite de insônia comecei a pensar a respeito dessa personagem
e, de repente, toda a trama, em minúcias, veio à minha memória como se eu já
tivesse vivido os acontecimentos que descreveria”, revelou.
Reforçando a inspiração
para a escrita, além do universo fantástico, diversificado e mágico dos
principais mitos amazônicos, afirma que esse ato “é algo que exerce um fascínio
enorme sobre o meu imaginário”, acrescentou.
A servidora diz que
está em fase de produção do seu segundo livro. Ela dá um pequeno spoiler (revela informações) sobre
o próximo livro, “é uma continuação do primeiro e que dará ênfase
a uma personagem ímpar, a Rainha Alzira, tia-avó de Urucumacuã, a quem ela
atribui os rudimentos da primeira série de cartas que dão origem aos baralhos
divinatórios. Tenho para mim que a Rainha Alzira é um tipo genial. Pelo menos,
é o que imagino dela. Uma soberana com gênio divinatório subconsciente, maga e
feiticeira, capaz de penetrar por si mesma nos mistérios e magias da existência
para aí viver plena da perfeição natural”, finaliza.
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