1172 Visualizações

Armando: filho de um verdadeiro destemido pioneiro

Conheça a história do filho de imigrante que desbravou essas paragens em busca de melhores oportunidades.

19/06/2019 13:20


Armando Keniti Kusano, nissei da segunda geração dos imigrantes, é analista de sistemas do TJRO e tem no registro de sua família a história de um verdadeiro destemido pioneiro, que desbravou essas paragens em busca de melhores oportunidades. O sonho do pai, Inácio Hissashi Kusano, era conseguir ter um pedaço de terra. No Paraná, onde morava a família, era praticamente impossível realizar esse sonho devido ao alto valor.


Na década de 80, pai e avô trabalhavam com compra e venda de arroz em Maringá-PR. Para conseguir preços vantajosos, seu Inácio aventurava-se cada vez mais para o interior do Brasil. Em 1978, em Cuiabá-MT, ele ouviu falar de que em Rondônia tinha arroz barato. Com o seu fusquinha resolveu vir conhecer esta terra. Passou muita dificuldade, enfrentando estradas sem pavimentação e muita lama, mas conseguiu chegar em Vilhena-RO. Porém, o que ele não sabia, era que no trecho de Vilhena até Cacoal ele teria o veículo rebocado por um caminhão, com direito a perder o para-choque e para-lamas do seu fusquinha. Fez as compras de arroz e embarcou o produto para o Paraná.


    

Da esquerda pra direita: a mãe Eiko, a esposa Kharla, Armando e o pai nácio


Depois disso, jurou que nunca mais iria colocar os pés por estas bandas. Dois anos depois, em 1980, estava de "mala e cuia" na região do Município de Rolim de Moura-RO, onde estabeleceu comércio e, depois de alguns anos, realizou o sonho de ter o "pedaço de terra" na região de Nova Brasilândia D'Oeste-RO. Mas foi somente em 1987, quando Armando tinha apenas 3 anos de idade, que sua mãe chegou a Rolim de Moura. Ele nasceu em Maringá-PR e sua vida profissional no Judiciário, em Porto Velho, começou em 2017, após a nomeação.

 


Linhagem


A família de Armando tem sua linhagem em diferentes cidades japonesas. Seus avós maternos vieram de Naha, capital de Okinawa. Seu avô paterno veio de Chiba (cidade próximo a Tóquio), já sua vó é brasileira, nascida em Lins – SP, mas seus pais são de Kumamoto.


O casal de avós maternos (Masafuji e Yoneko Shimabukuro) posando com familiares na festa de casamento


Os avós paternos estabeleceram-se no interior do Estado de São Paulo; outra parte no interior do Paraná, em Maringá.

 


A entrada no Judiciário


Antes de ingressar no Judiciário rondoniense, Armando trabalhou por 13 anos em uma empresa da área de tecnologia e passou 5 anos lecionando em faculdades na região de Rolim de Moura, só depois disso resolveu experimentar novos ares profissionais.

Ele comenta sobre o sentimento de fazer parte do Poder Judiciário de Rondônia. “Já havia sido nomeado outras vezes para o cargo de Analista de Sistemas (no setor bancário e Poder Executivo), mas não tive interesse em assumir.


Em 2018,  com sua esposa Kharla, em viagem de lua de mel em Buenos Aires 


Quando recebi a notícia da nomeação para o TJRO, em 2017, fiquei muito feliz, senti que poderia ajudar na missão do Poder Judiciário em promover o acesso à Justiça para a população rondoniense, principalmente por me identificar muito com os valores propostos por este Poder”, revelou.

 


Formação familiar


Armando considera muito especial o papel exercido por seus familiares e antepassados. “Eu acredito muito na família e a importância dela em minha formação. Família nenhuma é perfeita, mas eu acredito que tudo que os meus fizeram era pensando em mim e em meus irmãos. Todo o esforço deles em nos garantir a melhor educação possível, tanto na escola quanto em casa, além do amor incondicional, eu levo de exemplo para mim”, disse.



Da esquerda para direita:  Armando, a esposa, a irmã caçula Juliana Kusano, a mãe Eiko Shimabukuro e a imã Susileine Kusano.


Armando diz que começou a trabalhar muito cedo no comércio do pai, e isso foi o que lhe garantiu o senso de responsabilidade, principalmente com o dinheiro e trabalho.

 


Culturas


Sobre a convivência com a pluralidade de costumes e hábitos culturais, ele diz que se considera mais brasileiro do que muita gente. “Sempre brinco com minha esposa que ela é mais japonesa do que eu. Na verdade, é até um sentimento estranho: sou brasileiro por ter nascido e sido criado no Brasil, mas a origem da minha família me remete a alguns costumes orientais. Já no Japão, eu seria considerado um gaijin (estrangeiro) e provavelmente me encaixaria menos ainda com a cultura de lá. Apesar dessa bagunça cultural, sinto que sou muito mais brasileiro do que japonês. Só o olho puxado que entrega minha origem”, brincou.


O fenômeno da imigração japonesa no Brasil, para Armando, tem entraves em algumas práticas culturais. “Apesar de não ter influenciado tanto quanto as culturas europeias e africanas, a comunidade japonesa no Brasil é a maior fora do Japão. Só isso já é suficiente para influenciar muitos costumes, como os religiosos (minha mãe participa da Seicho-No-Ie) e principalmente culinários (quem nunca ouviu falar do famoso peixe-cru, o sashimi”, pontuou.


Ele acrescenta que “a grande diferença cultural e linguística acabava isolando muitas comunidades japonesas. Mas assim como a necessidade de comunicação para a realização de comércio, forçava ambos os lados a tentar se entender. Até hoje, minha avó materna trabalha no comércio em Maringá (no mesmo lugar, desde a década de 60) e ela não é alfabetizada em língua portuguesa. Todas as anotações dela são em nihongo (japonês) e ela identifica os produtos que ela vende pelas imagens dos rótulos da marca. É um esforço conjunto de ambas as culturas para melhorar a comunidade em geral”, concluiu.

 

Comunicação Interna


Contato

Se precisar, entre em contato.

Tribunal de Justiça de Rondônia
SGP - Rua Lauro Sodré, nº 1728 - Bairro São João Bosco
CEP 76803-686 - Porto Velho, Rondônia

© 2024 Secretaria de Gestão de Pessoas - SGP
Versão do Sistema