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A trajetória de um imigrante marcada pelo trabalho

Conheça a história do desembargador Paulo Kiyochi Mori, que encerra esta série de matérias especiais sobre a imigração japonesa.

24/06/2019 11:45


Ele posando com seus sete irmãos e pais.


Desde muito cedo o desembargador Paulo Kiyochi Mori esteve envolvido com o mundo do trabalho. Aos 10 anos de idade já auxiliava seus irmãos em uma pequena mercearia do pai, atividade que desempenhou até os 23 anos. Foi com essa ocupação comercial que seus pais, Issamu Mori e Hanako Mori, conseguiram pagar os estudos de todos os filhos, o que é para eles motivo de muito orgulho. Nascido em Paranavaí-PR, ele é o terceiro filho de um total de oito; são cinco mulheres e três homens.

 

Suas raízes familiares paternas são da província de Eshime, da cidade Matsuyama, e seus avós chegaram ao Brasil no navio La Plata Maru, em 6 de outubro de 1930.


Os avós paternos Harumitsu  Mori e Shigueko Mori, respectivamente.


Já os avós maternos, originários da província de Nagano, foram trazidos às terras brasileiras pelo navio Santos-Maru, em 26 de junho de 1929.


Familiares  Katsuyama, avós materno.

Aos dez anos de idade sua família mudou-se para São Paulo-SP, onde concluiu o ginásio e segundo grau. Estudou o ensino superior na Universidade de Mogi das Cruzes, onde se graduou em Direito aos 23 anos. A conclusão do curso, no final de 1981, coincidiu com a criação do Estado de Rondônia. O desembargador rememora o processo de migração que fizera há 37 anos. “Lembro que, inclusive, na época, falava-se muito em terra de oportunidades. Conversei com os meus pais e recebi o apoio total deles na minha decisão de vir para cá”, disse.


A vinda para Rondônia


Aos 23 anos começou um namoro com a jovem Nilza Yoshida Mori, que veio a se tornar sua esposa. Naquela época, ela com 22 anos de idade e recém formada em Direito, também sua colega de curso, depararam, então, com um dos principais dilemas que já enfrentaram na vida: viriam ou não para um local desconhecido e distante de um grande centro urbano? Mas eis que um fato novo confirmaria à vinda deles para Rondônia; o desembargador revela como isso aconteceu. “Conhecemos, na nossa turma de faculdade, o doutor Oscar Luchesi, atualmente advogado militante em Porto Velho. Foi ele quem nos convidou a vir com a sua família para Rondônia. E não hesitei! Vim para advogar em uma empresa de propriedade do irmão dele”, lembrou.


Em 16 fevereiro de 1982, ele colocou os pés em terras rondonienses, chegando a Porto Velho. A namorada ficara em São Paulo, aguardando o desenrolar das coisas. Aproximadamente três meses depois ela chegaria em Rondônia. Paulo Mori recorda que durante um bom período morou no Bairro do Areal, com a família do doutor Oscar. Trabalhou por aproximadamente 14 meses na empresa do irmão dele, atendendo a demandas jurídicas no segmento imobiliário; advogando, intermediando locações e vendas. Ele recorda que colava as placas de venda e aluguel nos imóveis. “Além disso, lembro-me que trabalhei nessa mesma empresa com o servidor Hélio, que hoje é o motorista que atende ao gabinete do desembargador Oudivanil de Marins”, disse.


O início no Judiciário


Seu primeiro contato com o Judiciário rondoniense foi no final de março de 1983. Recorda que alguns amigos o avisaram que havia no Tribunal de Justiça de Rondônia um desembargador que estava sem assessor e sugeriram para que fosse conversar com ele, tratava-se do desembargador Dimas Ribeiro da Fonseca. Paulo Mori recorda desse episódio. “Fiquei meio sem jeito, pois sequer o conhecia e também não tinha ninguém para apresentá-lo a mim. Criei coragem e decidi conversar com ele. Fui muito bem atendido”, destacou. Ele acrescenta que como teste recebeu um processo bem volumoso da área criminal e teve de elaborar um parecer e assim o fez. Depois de um mês foi chamado por Dimas, o qual disse que tinha muito que aprender, estudar, vivenciar, mas que lhe daria a oportunidade.


O momento especial da posse como magistrado do TJRO


O quatro de abril de 1983 foi o seu primeiro dia de trabalho no TJRO, e como assessor permaneceu até 28 de novembro de 1986. Começava uma longa carreira que se consolidaria pelos anos à frente. Em 1986, ele tomou posse como magistrado, iniciando a carreira na comarca de Colorado Oeste. Em seguida, atuou nas comarcas de Vilhena e Jaru, retornando a Porto Velho em 1992. Em novembro de 2005, foi promovido a desembargador, atuando na Câmara Cível, já tendo estado à frente da Corregedoria-Geral e Escola da Magistratura.

Os filhos - Paulo Guilherme e Letícia.


Durante essa trajetória teve dois filhos, Paulo Guilherme Koyti Yoshida Mori, médico pediatra, que atualmente reside em São Paulo, e Letícia Mitsue Yoshida Mori Barreiros, advogada e naturóloga. A esposa Nilza Yoshida Mori fez carreira na Advocacia-Geral da União (AGU), onde se aposentou.



Sentimentos


O desembargador Paulo Mori nutre um sentimento de orgulho por fazer parte da sociedade rondoniense e do Poder Judiciário. “Sinto-me muito honrado em estar em Rondônia e há mais de 36 anos nesta Corte. O sentimento é de pura satisfação e muita gratidão por me propiciar dedicação em prol da sociedade”, pontuou.


Ao longo de sua história ele considera que a honestidade, respeito e reciprocidade são atributos essenciais para a construção de uma trajetória e relacionamentos com as pessoas. E na atuação institucional ele reforça ao dizer que todos devem “sentir a necessidade do jurisdicionado e poder contribuir significativamente para um resultado positivo”.


Na companhia da esposa Nilza Yoshida Mori e seus filhos.


O desembargador Paulo Mori reforça a ideia de que nunca se deve cogitar a ideia de desistência quando se tem um sonho. “Nunca devemos desistir. Lembro-me de que cheguei em Rondônia com uma mala e carnês de passagens. O meu guarda-roupa era um varal. Entendo que é preciso sempre ter perseverança, esperança e confiança”, frisou. Ele ainda acrescenta que o Hino do Estado de Rondônia diz tudo. Sempre me emociono quando o ouço, pois faço parte desse hino. Temos que ter a motivação/inspiração em confiar, sobretudo em Deus, sempre de que o amanhã será melhor que o hoje”, disse em tom de empolgação.


Com base no seu percurso biográfico o desembargador finaliza com a reflexão: “Efetivamente os primeiros imigrantes japoneses se sacrificaram muito para pavimentar o caminho para nós da terceira geração, não foi nada fácil. O sentimento é de eterna gratidão ao povo brasileiro pela acolhida alegre e cativante”, concluiu.


Conheça as outras histórias da Série:

Lembre a trajetória da juíza Emy Karla Yamamoto Roque

https://www.tjro.jus.br/gestaodepessoas/infomes/624-serie-especial-de-materias-111-anos-da-imigracao-japonesa


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https://www.tjro.jus.br/gestaodepessoas/infomes/628-armando-filho-de-um-verdadeiro-destemido-pioneiro


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