Editorial - O desafio da Gestão Pública
Quando sentamos nos bancos universitários imaginamos que durante o período de formação obteremos todos os conhecimentos necessários para o exercício da profissão, porém, ao terminar o curso, a descoberta é tão simples quanto óbvia: nunca deixamos de aprender e aperfeiçoar, sobretudo com a diversificação de atividades ligadas à área do Direito.
Buscar cotidianamente a capacitação é dever da carreira, que se moderniza na medida em que a sociedade avança nos usos, costumes e relações. Os mecanismos para essa “reciclagem” são abundantes. Escolas, livros, cursos, capacitações, palestras, seminários, simpósios e tantos outros eventos de reflexão acerca do Judiciário pipocam por todo país, para que a comunidade jurídica melhore intelectual e cientificamente.
Todavia, uma área que tem se apresentado como indispensável para o bom andamento do Poder Judiciário Brasileiro deixa a desejar na oferta de enriquecimento cultural, sobretudo pelo caráter de grande interesse público. Trata-se da gestão de órgãos ligados à Justiça, todos obrigados a lidar com decisões administrativas fundamentais, com alocações de recursos públicos e desenvolvimento de políticas que se refletem no bom andamento da atenção ao cidadão.
Eis o questionamento: Estariam os nossos operadores do direito preparados para encarar o desafio da gestão pública? Estariam eles habituados a lidar com planejamento, execução e prestação de contas? Saberiam como conduzir as estratégias institucionais? Teriam o estofo necessário para a tomada correta de decisões com vistas à eficiência e à qualidade dos serviços?
Afirmar que sim é desejar pintar a realidade com tons róseos. A constatação é muito mais ocre: ainda são insipientes as alternativas de preparação dos juristas para essa senda árdua e necessária. É preciso investir em formação para que juízes, desembargadores, promotores, defensores e procuradores lidem de forma competente com a gestão responsável.
Afinal, eles estão à frente de cartórios, fóruns, tribunais, conselhos, enfim, toda uma estrutura que requer traquejo e compromisso com o interesse público. É praticamente um estado dentro de um Poder, já que estão dentro de suas diretrizes instruções normativas, governabilidade e azeitamento da máquina para o bom funcionamento de sua atividade principal, a judicatura.
Em países como a França, os Estados Unidos e a China, a formação em gestão pública é consolidada em importantes escolas e constante disseminação dos conteúdos aos entes que assumem essas missões, grandes desafios além de suas carreiras. O que falta ao Brasil é abraçar com força essa causa, em nome de um país mais eficiente e voltado para a ética e o bem comum. Não nos esqueçamos que o Poder Judiciário é apontado em pesquisas como o de maior credibilidade perante à população. Precisamos nos manter nessa posição, instrumentando-nos com ferramenta indispensável: o conhecimento. Mais que isso, o desenvolvimento de habilidades necessárias à atitude de liderança.
Assessoria de Comunicação Institucional