Retratadas em exposição sobre direitos da mulher recebem agradecimento do Poder Judiciário
Mulheres retratadas na exposição fotográfica “Primeiro Plano”, promovida pelo Poder Judiciário de Rondônia, em homenagem às mulheres, recebem um agradecimento do presidente do Tribunal de Justiça de Rondônia, desembargador Sansão Saldanha, ressaltando o papel da Justiça no envolvimento das causas sociais e defesa de direitos.
O encontro foi no saguão de entrada do TRJO, onde a exposição ficou instalada durante toda semana. O coordenador da coordenadoria de Mulheres, juiz Álvaro Kalix Ferro, também manifestou a gratidão do tribunal às participantes dos projetos que doaram suas imagens e suas histórias para conscientizar a sociedade sobre os direitos humanos da mulher.
Helena Carvajal, uma das retratadas, se sentiu homenageada pelo convite, sobretudo porque também já fez parte do Judiciário, como servidora e agora como cartorária. “É um reconhecimento que muito me alegra”, comentou.
Ana Maria Ramos, também retratada na exposição, se disse contemplada como mulher, como profissional e como negra. Como militante na luta contra o preconceito racial, destacou mais um direito essencial representado na mostra. “Somos mulheres diferentes, mas queremos igualdade de direitos”, concluiu.
A exposição a partir de segunda-feira, dia 11, estará no Fórum Sandra Nascimento, onde ficará em cartaz até dia 15. Em seguida a mostra circulará pelas comarcas do interior do Estado.
Apresentação
A busca por uma sociedade igualitária depende de uma mudança de cultura. Por isso essa exposição organizada pelo Poder Judiciário de Rondônia põe foco em exemplos positivos de mulheres que de alguma forma contribuem, por meio de suas atitudes e trajetória, com a conscientização sobre os direitos da mulher na sociedade moderna.
Elas não estão mais em posição inferior, lutam por igualdade e justiça social. Aqui estão em primeiro plano, justamente para lembrar que devem ser respeitadas, nos seus diferentes papéis.
São mulheres notáveis e ao mesmo tempo mulheres comuns, que espelham a luta diária por oportunidades iguais, pelo tratamento digno, pelo fim de qualquer tipo de violência.
As mulheres retratadas na exposição foram fotografadas por outras mulheres, que utilizam a fotografia como instrumento de expressão e reflexão sobre a realidade. Ana Carolina Cardoso, Marcela Bonfim, Michele Saraiva, Raíssa Dourado e Simone Norberto assinam as imagens capturadas para dar luz a personalidades marcantes de nossa sociedade.
Ana Aranda, jornalista
Ana é de São Paulo, mas há muito abraçou Rondônia e a cultura local como uma amazônida legítima. Deixa isso evidente em seu texto no cotidiano da cobertura ou em matérias especiais com foco em realidades complexas como a dos índios cinta-larga, que moram na maior mina de diamantes do mundo, mas enfrentam precariedades na área de infraestrutura, educação e saúde.
Ela própria enfrentou recentemente um problema de saúde, um tumor na cabeça, que retirou mediante cirurgia feita aqui mesmo - opção sua - próxima à família, de quem teve total apoio.
Mãe de três filhos e casada com Bubu Johnson, músico importante no cenário rondoniense, Ana é um exemplo de mulher, por suas posições e sua luta pela igualdade.
Glória Valadares e Nair Gurgel, criadoras do projeto “Leitura no Sítio”
Glória foi por anos diretora da biblioteca Francisco Meireles. Nair é professora da universidade Federal de Rondônia na área de letras. Juntas, elas criaram há dez anos o “Leitura no Sítio”, um projeto de incentivo à leitura e transformação social, que mudou a vida de centenas de jovens ao longo do projeto.
Realizado na própria casa de Glória, no bairro Triângulo, onde também mantém uma biblioteca, financiada com recursos próprios, o projeto é um poderoso instrumento de formação, responsável por despertar o gosto pela leitura em crianças e adolescentes de várias faixas etárias.
Para essas guerreiras das letras, o livro é também o grande aliado para construir uma sociedade mais justa e igualitária para homens e mulheres.
Helena Carvajal, tabeliã
foto: Ana Carolina Cardoso (exposição Primeiro Plano)
Helena é pioneira da justiça em Rondônia. Com formação em Direito e experiência como servidora concursada do TJ/MS, foi a primeira servidora registrada do Poder Judiciário de Rondônia, como Diretoria Geral da Secretaria do Tribunal de Justiça, com atuação importante na organização e consolidação das atividades jurisdicionais no Estado, no período de 1982 a 1988.
Assumiu como Tabeliã do Cartório Carvajal em 1988, tornando-se referência nos registros extrajudiciais da comarca de Porto Velho e do Estado.
Mãe de quatro filhos e avó de duas netas, Helena é exemplo de emancipação e luta por igualdade nos espaços privados e de trabalhos que ainda tem uma marca de caráter patriarcal.
Ângela Cavalcante, atriz e servidora pública
foto: Michele Saraiva (exposição Primeiro Plano)
Ângela chegou a Porto Velho na década de 80 e já entrou em cartaz no cenário artístico da capital, atuando em diversas peças teatrais como “Tempo Bom e Poesias Passageiras” e “Navalha na Carne”, e filmes como “Fronteira das Almas” e “Taba, querida Taba”.
Seu talento conquistou e seu jeito espontâneo e natural provocou o público com questionamentos políticos e sociais. Participativa, fez o curso de história na Unir e acabou se tornando servidora pública na mesma universidade, local em que batalhou pela criação de espaços culturais e de relação artística com a comunidade.
Seu legado artístico está no imaginário da luta feminista e suas personagens, sempre instigadora; são exemplos de conquistas para muitas mulheres.
Valdenida Massako, líder indígena
foto: Ana Carolina Cardoso (exposição Primeiro Plano)
Valdenida é líder indígena, representante de duas etnias Tikuna, por parte de pai, e Karitiana por parte de mãe. Como na tradição indígena, casou-se aos 13 anos e teve 4 filhos. Manteve-se na aldeia até os 24 anos, mas veio para cidade para estudar e batalhar pelo seu povo.
Mesmo morando aqui, seus filhos voltaram para aldeia para estudar na cultura indígena - a escola de lá é bilíngue -, bandeira de Valdenida para conservar as tradições e não deixar apagar suas origens.
Agora ela se prepara para fazer faculdade. Quer cursar sociologia na Unir. O sonho do curso superior não é apenas uma realização pessoal, e sim uma conquista importante para seu povo.
Andréia Ferreira e Mônica Ventura, professoras
foto: Marcela Bonfim (exposição Primeiro Plano)
Andréia e Mônica são professoras da rede estadual de ensino. Fizeram o curso de letras na Universidade Federal de Rondônia. Andréia é de Glória de Dourados, Mato Grosso do Sul, e Mônica é de Campina Grande, Paraíba. Aqui em Rondônia se conheceram e juntas construíram uma trajetória comum.
Com uma relação de 6 anos, comemoraram as mudanças na legislação que reconhece o casamento homoafetivo e resolveram oficializar a união, já consolidada por uma história de amor, respeito e luta contra o preconceito.
Andréia teve poliomielite quando criança, o que deixou sequela em seus membros inferiores. Com apoio da família enfrentou as dificuldades de locomoção, porém ainda se depara com o despreparo da sociedade para oferecer a acessibilidade necessária para o portador de deficiência física.
Ângela Rodrigues, servidora pública
Ângela descobriu um tumor agressivo na mama e se viu em uma batalha que muitas mulheres se deparam todos os dias. Sua alegria e vivacidade foram armas importantes para enfrentar as etapas do tratamento que incluiu a mastectomia, quimioterapia e radiologia.
Com evolução rápida, o câncer não conseguiu vencer essa guerreira, que com persistência e suavidade lutou contra a doença e segue observando com cuidado cada quadro clínico para ter certeza de que a superação foi total.
O apoio dos filhos e do marido Raniere, foi fundamental nessa caminhada. “Eles me ajudaram a superar os meus medos”, disse Ângela, tão serena quanto segura de sua força como mulher.
Rose Berlande Mervil, dona de casa
foto: Raissa Dourado (exposição Primeiro Plano)
Rose saiu do Haiti há um ano em busca de uma vida melhor no Brasil. A pobreza e as dificuldades de toda ordem são realidades de vários conterrâneos numa recente onda migratória do país caribenho para o nosso, sendo Rondônia um dos muitos destinos desse povo trabalhador e cordial.
Com apenas 22 anos, casada com Lionel, ela espera o primeiro filho, que será brasileiro. O Marido também está desempregado no momento, mas já trabalhou em diversas frentes e espera conseguir rápido uma colocação no mercado.
Sem saber falar português, Rose aceitou ser fotografada para representar a luta da mulher haitiana nessa incrível jornada pela sobrevivência.
Ana Maria Ramos, agente de saúde
foto: Simone Norberto (exposição Primeiro Plano)
Ana Maria começou cedo a atuar como mobilizadora social na área da saúde. Técnica em enfermagem, partiu em missão de Barueri, São Paulo, para o Amazonas em trabalho de conscientização da pastoral da saúde da igreja católica com populações ribeirinhas.
Na década de 80 veio para Ji-Paraná, onde o trabalho social trouxe a ela um aprendizado sobre fitoterapia, conhecimento que democratiza até hoje nos grupos com os quais trabalha.
Em Porto Velho, continuou sua luta, sempre batalhando pela consciência negra e pela melhoria da condição da mulher. Hoje, supera com determinação as sequelas de uma isquemia que a deixou com dificuldades de locomoção, porém, nenhum obstáculo é capaz de impedi-la nessa trajetória.
Auxiliadora de Almeida Rolim, aposentada
foto: Ana Carolina Cardoso (exposição Primeiro Plano)
Auxiliadora ingressou no serviço público em 1982, quando da formação do Poder Judiciário de Rondônia. Com rápida passagem pela Vara da Fazenda Pública, assumiu a tarefa de ajudar a implantar o arquivo geral do Tribunal de Justiça do Estado.
De lá pra cá, dedicou sua vida profissional ao setor e agora acaba de se aposentar, depois de 34 anos. Pretende encarar a nova fase com disposição para novos desafios, entre eles a prática diária de atividades físicas.
A caminhada diária com o marido, também servidor da Justiça João Rolim, reflete o esforço por uma união equilibrada, amorosa, pautada pelo mote da campanha a “Paz em Casa”.
Assessoria de Comunicação Instituição