Encontro de Magistradas inova ao visitar projeto social terapêutico
O projeto 4 Varas em Fortaleza propõe a terapia comunitária
O investimento na qualidade de vida ganha saltos qualitativos a cada projeto desenvolvido pelo Tribunal de Justiça de Rondônia, a exemplo do que ocorreu ao longo da última semana no IV Encontro das Magistradas de Rondônia, uma ação do projeto ResplandeSer, voltado para a saúde e o bem estar dos juízes rondonienses.
A inovação maior foi o local, um importante centro de trabalho psicoterapêutico - a Oca, em Beberibe (CE). Para dar continuidade ao trabalho já realizado pelo renomado psiquiatra Adalberto Barreto, que iniciou um trabalho com as magistradas em encontro anterior, em Rondônia, as juízas se disponibilizaram a pagar sua própria passagem para atender à segunda etapa do trabalho, relevante para ao objetivo do projeto.
O ResplandeSer busca reparar o esforço psicoemocional das magistradas que, com o peso e as pressões da profissão, considerada de grande responsabilidade, requer amparo e cuidados com a saúde e o bem estar a fim de garantir qualidade nas decisões e assertividade na pacificação social. "Por assumir papéis diferentes, como o de esposa, mãe, amiga, avó, dona de casa, profissional, entre outros aspectos, o Tribunal entende ser necessário um cuidado especial e personalizado, justamente para dar o suporte diante das dificuldades", disse Silvana Freitas, juíza auxiliar da presidência e representante do TJRO no evento.
Por isso, o investimento do TJRO na capacitação. Na modalidade de total imersão, metodologia aplicada pelo profissional criador da terapia comunitária integrativa, proporcionou às magistradas, de 7 a 12 de agosto, vivenciar dinâmicas, entre outras técnicas de desenvolvimento pessoal, para aprimorar as potencialidades individuais. "Tudo para cuidar de quem tem uma carga grande de responsabilidade para com a sociedade e ainda enfrenta uma dupla jornada como qualquer mulher trabalhadora", completou Úrsula Gonçalves, coordenadora do IV Encontro de Magistradas.
Sociedade
As juízas participantes destacam como ponto alto do Encontro a visita ao projeto 4 Varas, no Bairro do Pirambu, em Fortaleza-CE, berço da terapia comunitária integrativa, metodologia desenvolvido por Adalberto Barreto.
No bairro periférico, com alto índice de violência, as magistradas puderam participar de uma roda da Terapia Comunitária, vivenciando elas próprias a metodologia de construção da identidade individual e coletiva a partir de uma perspectiva do outro. "Trata-se da recolocação de nós todos como seres humanos", destacou a juíza Duília Sgrott Reis.
De acordo com a magistrada, o mérito da terapia é deslocar o sofrimento para a esfera do outro, fazendo com que todos tenham uma noção mais ampliada do problema. "O tema é aberto a todos, cada qual com seu ponto de vista, e contribui para uma solução de consenso, que aplaca os sofrimentos envolvidos", opina a magistrada que conta que o momento mais emocionante foi quando membros da comunidade pediram para abraçá-las, enxergando não apenas magistradas, mas seres humanos, com as mesmas angústias e aflições que qualquer pessoa da comunidade.
Duília ainda destacou as reverberações de projetos como esse no cotidiano dos magistrados. A partir do desenvolvimento do ResplandeSer e outros projetos - como constelação familiar - a conciliação passou a ser a tônica nas audiências. "Conseguimos levar para as partes sempre o outro lado da moeda. Isso leva até à vítima ou ao réu outras dimensões do processo, geralmente ligadas ao sentimento de reparação", explicou, ao lembrar o caso de uma ação de danos morais em razão de um acidente de trânsito que tirou a vida do filho do casal autor. "Na verdade, o que eles gostariam era que o motorista agressor pedisse desculpa pela perda do filho", concluiu. Segundo a magistrada, a ação de danos morais foi extinta antes mesmo de começar.
Resolução
O CNJ, Conselho Nacional de Justiça, por meio da Resolução n. 207, recomenda justamente a internalização da qualidade de vida dos recursos pessoais por parte das instituições do Judiciário. O Tribunal de Justiça de Rondônia, que já desenvolvia o ResplandeSer, incluiu outras vertentes de atuação, como o acompanhamento do vitaliciamento de novos juízes e um encontro de qualidade de vida e saúde mental para toda a magistratura.
O projeto ResplandeSer, gerenciado pelo Conselho da Magistratura, está alinhado com meta de promoção da Valorização e Humanização.
Assessoria de Comunicação Institucional