Copedem em Rondônia destaca a mediação
Palestrante da Espanha traz a experiência europeia e pesquisa em cooperação com a Justiça de Rondônia
“Os projetos nascem porque há pessoas e instituições que o impulsionam”. Disse a palestrante doutora Letícia Garcia Villaluenga, da Universidade Complutense de Madri –UCM, especialista em mediação, na primeira conferência da manhã na programação do XLIV Copedem- Colégio Permanente de Diretores de Escolas Estaduais da Magistratura, que acontece pela primeira vez em Porto Velho, Rondônia.
Promovido pela Justiça de Rondônia, por intermédio da Escola da Magistratura de Rondônia- Emeron, o encontro com os diretores e representantes das escolas de todo país, é um momento de reflexão sobre o papel das escolas e a importância da formação na área judicial, não só para magistrados como também para servidores, que atuam diretamente com sociedade. Para a palestrante, esse aspecto é primordial, pois as escolas têm a responsabilidade em construir uma justiça voltada para a população.
Letícia destacou que os conflitos surgem das relações humanas, o que pressupõe diferentes visões de mundos e necessidades, por isso são sempre difíceis de serem resolvidos. Porém, com técnica certa e disposição para entender cada lado se pode chegar a uma saída ou saídas possíveis e boas para todos os lados.
“Às vezes, os interesses não são incompatíveis, por isso é necessário fazer perguntas estratégicas para tentar entender o que é importante e necessário às partes. Assim, se tem condições de analisar e buscar a melhor alternativa para acordos e negociações”, explicou.
De acordo com a palestrante, a complexidade dos conflitos precisa ser compreendida. Isso envolve emoções, relações, comportamentos, cultura. Daí a necessidade do mediador em seguir os princípios da neutralidade, imparcialidade e confidencialidade, o que garante às partes um protagonismo e comprometimento na solução de seus próprios conflitos. “A participação maior dos cidadãos revela um cumprimento elevado dos acordos”, destacou.
Por fim, Letícia apresentou aos diretores de escola de todo país o projeto de cooperação com a Justiça de Rondônia, intermediada pela Escola da Magistratura de Rondônia, o "Semeando a Cultura da Paz", que consiste na experiência da mediação na Operação Justiça Rápida Itinerante, o barco da Justiça nas comunidades ribeirinhas; a formação de estudantes mediadores em três escolas da capital; e a formação de socieducadores na unidade Case de Ji-Paraná.
Desafio de Inovar
A palestra de abertura, feita na quinta-feira à noite, dia 1º, por Luiz Roberto Liza Curi, do Conselho Nacional de Ensino - CNE, destacou os desafios das Escolas de Governo e o Ensino Profissionalizante enquanto ferramentas de transformação do cenário educativo do país.
As pesquisas indicam, segundo ele, que o fenômeno da evasão escolar atinge os cursos superiores e o direito não fica de fora. Os dados dão conta de que 54% dos estudantes abandonam o curso antes de chegar ao último ano. Para o palestrante, trata-se de uma realidade preocupante, que compromete o futuro da aplicação da Justiça. “É preciso que as Escolas judiciais de magistratura comecem a refletir sobre isso e se responsabilizar por buscar soluções.”
Curi atribui o fracasso do ensino a um conjunto de fatores, entre eles o apartamento das carreiras de pesquisa e, sobretudo, a falta de uma avaliação adequada em todos os aspectos. “Não sabemos avaliar, não avaliamos bem ou, ainda, não praticamos a avaliação para manter a qualidade”. Isso, segundo ele, vale não apenas para alunos e instituições de ensino, mas também às instituições de pesquisa e mercado que absorve profissionais ou estagiários. “A boa e correta avaliação garante qualidade em todos os aspectos”.
Destacou, ainda, a importância do comprometimento das instituições com os temas sociais. “Hoje, a maioria se compromete apenas com o mínimo exigido pelo currículo oficial, quando o ideal seria desenvolver atividades, pesquisa e extensão no seio da comunidade, antenada com a realidade social”. Para ele, as escolas podem dar o exemplo e intervir em vários aspectos para o cumprimento da Justiça.
Assessoria de Comunicação Institucional