Respeito, tolerância e diálogo, três palavras que se colocadas em prática podem evitar muitos conflitos. Para que isso aconteça de fato, é urgente a necessidade de promover a cultura de paz em todas as esferas da sociedade.
Com esse propósito o Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO), desenvolveu por meio do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Soluções de Conflitos (Nupemec), departamento que integra a estrutura da Corregedoria-Geral do Tribunal, o projeto Teia Judiciária. A iniciativa conta com a parceria da Secretaria de Educação do Estado (Seduc).
O projeto lançado neste mês de setembro ensina técnicas de solução de conflitos como negociação, conciliação, mediação, além de métodos para uma comunicação não violenta, com a finalidade de apaziguar conflitos no ambiente escolar. A iniciativa pretende alcançar alunos, pais, professores e demais servidores da rede estadual.
A Escola de Ensino Fundamental e Médio Flora Calheiros, em Porto Velho, é a primeira a receber a ação. Por atender mais de quatro mil alunos, é suscetível à aparição de conflitos, fato que determinou a escolha para dar início ao projeto de promoção à cultura de paz.
Inicialmente as atividades serão realizadas a cada quinze dias com estudantes de uma turma do 9° ano, e mensalmente com professores e servidores.
Para o presidente do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec), des. Daniel Ribeiro Lagos, é fundamental que se discuta temas de cidadania nas escolas. “A escola é uma extensão da família, é ali que o aluno fica parte da sua vida. Assim como no meio familiar, é dever da escola também, educar, preparar e capacitar esses jovens”.
O des. Lagos destacou ainda que o projeto traz um ganho extraordinário para toda a sociedade. “É preciso romper com a dificuldade de que temas difíceis, devem ser tratados apenas na justiça. É importante criar a consciência de que com o diálogo tudo pode ser resolvido, pacificamente”.
Promover a cultura da paz é cada vez mais necessário, e nada melhor do que iniciar pelo ambiente escolar, onde os jovens se reúnem diariamente, destaca o corregedor-geral da Justiça de Rondônia, des. José Antonio Robles. “Essa iniciativa tornará a escola um espaço mais favorável para o diálogo, evitando conflitos desnecessários, de forma que os membros daquela comunidade escolar, potencialize a escuta a fim de trabalhar a empatia e a auto-reflexão em situações conflituosas”. O corregedor enfatizou também que a iniciativa fará com que o ambiente escolar seja mais saudável, não violento, facilitando alcançar a cultura da paz tão desejada e necessária em nossa sociedade.
Os encontros promovidos pelo projeto, contam com a colaboração da psicóloga e mediadora das Varas de Família, Isabela Paludo, com vasta experiência na área, inclusive a dissertação defendida em seu mestrado (Dhjus) foi sobre mediação escolar.
Segundo ela, a escola é muito importante para a comunidade e tem reflexo direto na cultura da paz. “Por ser o local que aprendemos a interagir com amigos, colegas, hierarquias, solucionar problemas e aprender habilidades sociais, é fundamental sensibilizar e treinar técnicas de mediação de conflitos e comunicação não violenta, assim teremos instrumentos e ferramentas para lidar com os problemas que surgem no ambiente escolar”. Cultivar esse tema, é uma forma de não judicializar afetos, complementa a psicóloga.
Para o juiz auxiliar da Corregedoria do Tribunal, Johnny Gustavo Clemes, vários conflitos desde problemas da escola (agressão entre alunos), a questões na família (dificuldade na convivência entre os pais) ou comunitária (uma degradação ambiental no seu bairro) e até mesmo questões pessoais (uma dívida não paga) são matéria prima para atuação dos alunos e educadores. “Através da informação e do desenvolvimento de habilidades comportamentais pretende-se realizar o empoderamento das pessoas para que sejam cidadãos mais ativos, evitando conflitos e quando acontecerem resolvem sem necessidade de ajuda do Estado”, destacou o magistrado.
De acordo com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) parceira do projeto, no retorno após o período da pandemia em que os estudantes ficaram muito tempo em casa, houve aumento da violência, conflitos escolares e familiares, que chegaram até a escola.
Ana Lúcia da Silva Pacini, secretária da Seduc, compartilhou suas expectativas com o projeto. “Queremos que aconteça a melhoria dos modos de comunicação, indicando o diálogo, a escuta empática e a expressão autêntica como caminhos para a integração entre a equipe gestora, os docentes e discentes, com atitudes comportamentais diferentes e diversificadas, preservando sentimentos e facilitando a colaboração entre pares”.
Além de trazer benefícios para o aluno e toda a comunidade escolar, os ensinamentos trabalhados no Projeto Teia Judiciária promoverá a capacidade crítica dos envolvidos em tomar boas decisões quanto aos problemas e conflitos que se apresentarem ao longo de sua vida.
A psicóloga e mediadora do projeto, Isabela Paludo, contou que já no primeiro encontro com os alunos, eles disseram que sentiram diferença na vivência com os colegas. Relataram ter conseguido expressar problemas que antes não eram expostos, e se sentiram acolhidos durante o treino de escuta empática.
Os professores relataram que é muito importante treinar a escuta, porque cotidianamente eles vivenciam muitas questões que demandam essas habilidades.
O projeto Teia Judiciária tem como referência teórica o Cronograma que a Resolução n°125, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ/2010) e também as técnicas de comunicação não violenta (CNV) de Marshall Rosenberg.
A ação também responde ao Sistema Integral de Mediação Escolar no Estado de Rondônia, criado em 2016, por meio da Lei de n°. 3765, com a finalidade de difundir, promover e aplicar métodos cooperativos e pacíficos de abordagem de conflitos para todos os atores da comunidade educacional.
Assessoria de Comunicação lnstitucional